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FÊNIX

Existe uma ave a que os fenícios dão o nome de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lágrimas do incenso e do suco da amônia. Quando completa cinco séculos de vida, constrói um ninho no alto de uma grande palmeira, feito de folhas de canela, do aromático nardo e da mirra avermelhada. Ali se acomoda e termina a vida entre perfumes. De suas cinzas, renasce uma pequena fênix, que viverá outros cinco séculos...

Há quem diga que ela se deita no ninho de perfumes no alto de uma palmeira ou tamareira egípcia exatamente onde a cinco mil e duzentos anos tinha ardido em fogo o corpo de sua mãe e espera que o calor do sol incendeie as essências.

Depois de crescer e adquirir forças ela tira as cinzas do sepulcro-ninho de sua mãe que foi também seu ninho-e-berço e onde estão acomodadas as cinzas em um ovo de mirra, e voa carregando as cinzas até a cidade de Heliópolis onde está o Templo do Sol a lá deposita o ovo dourado. As cinzas têm o poder de ressuscitar homens e animais.

Seu canto extremamente doce se torna extremamente triste com a chegada da morte e por tristeza ao escutá-lo outras aves e animais também morrem.

Somente uma ave fênix pode existir de cada vez. Seu tamanho é maior que o de um pássaro condor, maior que uma águia, suas cores são as do pôr-do-sol: vermelha e dourada.

Heródoto a descreve e diz: “Eu mesmo não a vi, exceto pintada, parte de sua plumagem é de ouro e outra parte de sua plumagem é carmesim. Seu formato e tamanho são os de uma águia”.

Diversos autores se referem ao pássaro de fogo, dentre outros, Hesíodo, Heródoto, Ovídio, Voltaire, Rabelais, e até J. K. Rowling, a autora da série Harry Potter.

Os egípcios contaram primeiro essa história, e também contaram essa história os povos gregos, os chineses... Ela é como uma Alegoria do Sol. Morre todas as tardes no horizonte, afogado em chamas vermelhas e douradas e renasce todas as manhãs. Ela é como uma alegoria do ciclo da vida... E da morte...

Cada pessoa um dia conhece uma fênix. Conheci uma: Seu canto extremamente doce se tornou extremamente triste, ela estava velhinha como uma águia de noventa anos e se acomodou no ninho feito de manjericão e alecrim aqui do Nordeste, que fez no alto de uma das duas palmeiras, e ficou esperando que o sol incendiasse as essências. Seu canto triste foi capaz de matar de tristeza...
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