emo #19 | pt

Emocore (a.k.a. "emo") Ă© um estilo de rock tipicamente caracterizado por mĂșsicas melĂłdicas relacionadas Ă  questĂ”es sentimentais e pessoais, numa abordagem deveras melancĂłlica e monocromĂĄtica, muitas vezes sendo comparado a outros movimentos artĂ­sticos com essas caracterĂ­sticas, como o Romantismo do sĂ©culo XIX - apesar de estar muito longe de atingir tais proporçÔes - e os chamados "GĂłticos" do sĂ©culo XX. Teve origem em meados dos anos 80 em meio ao movimento Hardcore - em que se baseia, musicalmente - de Washington, onde ficou conhecido como "emotional hardcore" ou "hardcore emotivo" e teve expoentes como as bandas Embrace e Rites Of Spring. Conforme o tempo passou, o estilo recebeu diversas influĂȘncias como do chamado pop punk e atĂ© do indie rock, adquirindo novas facetas no começo da dĂ©cada de 90, com grupos como Jawbreaker e Sunny Day Real Estate. LĂĄ pelo meio dos anos 90 surgiram numerosas bandas emo no Centro e Centro-Oeste estadunidense, e tambĂ©m numerosos selos que se especializaram no estilo; e a partir de entĂŁo passou a influenciar atĂ© mesmo bandas que nĂŁo se dedicavam a ele.

Ainda assim, o emo sĂł entrou de fato na cultura popular a partir do começo dos anos 2000, com o sucesso de bandas como Jimmy Eat World e Dashboard Confessional; e o surgimento de um subgĂȘnero mais agressivo, o "screamo". Alguns jornalistas teorizaram que o movimento jĂĄ ganhava e ganharia ainda mais destaque no cenĂĄrio americano devido Ă  tragĂ©dias como os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, devido Ă  relação do estilo com a tristeza e o pessimismo.
Com essa entrada do emo na cultura popular o estilo ganhou novos aspectos, e passou a se relacionar com caracterĂ­sticas de vestuĂĄrio, comportamento e atĂ© de vida. Devido Ă  tendencia do gĂȘnero de ter letras depressivas, sentimentais ou pessimistas, e em certos casos atĂ© suicidas, muitos adolescentes acabaram se identificando e aderindo a essas tendĂȘncias, o que acabou por relacionar o estilo Ă  crises fĂșteis adolescentes, tornando o termo pejorativo e fazendo com que os chamados "emos" fossem alvo de preconceitos e atĂ© mesmo de hostilidade.

Na cultura popular surgiram outras bandas de destaque consideradas emo por muitos jornalistas, crĂ­ticos, e ouvintes em geral, como Fall Out Boy, My Chemical Romance e Panic at the Disco, ganhando mĂșsicas mais elaboradas e maior apelo popular; e bandas como NxZero e Fresno no Brasil; mas muitas bandas recusaram a consentir com o rĂłtulo, e Ă© raro, hoje, uma banda que se assuma de fato emo.

O termo "emo" e sua conotação pejorativa adquiriu proporçÔes tĂŁo grandes que hoje Ă© dedicado atĂ© mesmo a elementos que estĂŁo longe do que o estilo representava. "Emo" acabou por definir qualquer coisa que seja triste, suicida, pessimista, ou simplesmente tudo aquilo que as pessoas parecem nĂŁo entender, ou ainda o que nĂŁo gostam. Sendo assim, muitos acabam chamando atĂ© os chamados "coloridos", ou fĂŁs do chamado "Happy Rock", no Brasil, de emos, apesar de o suposto estilo prezar por alegria (em detrimento Ă  tristeza do emocore) e por cores (em detrimento Ă  tendĂȘncia do Preto/Branco do emocore), mas a motivação tambĂ©m pode estar relacionada a caracterĂ­sticas pontuais, como cabelos alisados, ou algum outro elemento de androginia, que acabou por se relacionar ao emo - embora nĂŁo seja essencial no estilo e nem de longe caracterĂ­stica exclusiva dele, que muitos ligam Ă  homossexualidade, outro fator motivador de hostilidades. AtĂ© mesmo certas bandas de indie rock jĂĄ foram relacionadas ao estilo, embora o indie rock seja bastante diferente tanto esteticamente quanto musicalmente.

Alguns dizem que o movimento foi sufocado antes mesmo de nascer, devido a repressão que sofreu e de todo o sentido pejorativo que o termo "emo" adquiriu. Lentamente os chamados "emos" diminuiram, a ponto de que atualmente são até raros. Ainda assim, não desapareceram totalmente e as bandas que foram relacionadas ao estilo permanecem. .